segunda-feira, 3 de setembro de 2018

NO FINAL DA PÁGINA TEM AS FOTOS DA FILMAGEM

APRESENTAÇÃO

Em carta escrita em 1935, Freud dizia que homossexualidade não é doença
“É uma grande injustiça perseguir a homossexualidade como se fosse um crime - e uma crueldade também.”
Cavan Sieczkowski

Em 1935, Sigmund Freud escreveu uma resposta a uma mãe que havia lhe pedido ajuda com seu filho gay. Apesar das amplas percepções sobre homossexualidade da época, Freud abordou o assunto de outra forma, dizendo à mulher que "não havia motivos para se envergonhar".
"Eu vi na sua carta que seu filho é homossexual. Estou mais impressionado com o fato de você não mencionar esse termo ao passar as informações sobre ele. Posso te perguntar por que você evita o termo?", ele escreveu.
"Homossexualidade certamente não é uma vantagem, mas não há motivos para se envergonhar, não há vícios, não há degradação; isso não pode ser classificado como uma doença; consideramos como uma variação da função sexual, produzida por uma certa contenção do desenvolvimento sexual. Muitos indivíduos altamente respeitáveis da antiguidade e também dos tempos modernos foram homossexuais, diversos homens grandiosos."

Embora essa correspondência demonstre sua comunicação pessoal, sabe-se há muito tempo que Freud não enxergava a homossexualidade como patologia. Ele acreditava que todos nasciam bissexuais e depois tornavam-se héteros ou gays, por causa dos relacionamentos com aqueles à sua volta. Na carta, Freud sugere que o "tratamento" para homossexualidade é possível, mas diz que o resultado "não pode ser previsto".
Atualmente, a carta está em exposição em Londres, como parte de uma exibição no museu Wellcome Collection, intitulada "Instituto de Sexologia". 

FONTE https://www.huffpostbrasil.com/2017/09/21/em-carta-escrita-em-1935-freud-dizia-que-homossexualidade-nao-e-doenca_a_23218458/

DO PORTAL DO CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA DE SÃO PAULO

Graciela Haydée Barbero
Psicóloga, psicanalista, Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP, Doutora em Psicologia Social pela PUC-SP, professora concursada da UFMT/CUR desde 2006; trabalhou em clínica psicanalítica por muitos anos e coordena a Clínica-Escola (CePraPsi) do curso de Psicologia da UFMT/CUR.

PRIMEIRO ESTUDO
Um dos primeiros estudos modernos, uma pesquisa realizada com um grande número de pessoas sobre a homossexualidade como fenômeno socialmente significativo, que recebeu destaque nos meios acadêmicos norte-americanos, foi realizada pelo biólogo e sociólogo A. Kinsey, entre 1948 e 1953. As conclusões deste autor, afirma o comentarista, apontaram que a homossexualidade seria uma variação natural da expressão sexual normal do ser humano e que não estaria relacionada a aspectos psicopatológicos, além do que todas as pessoas seriam capazes de responder eroticamente a estímulos sexuais provenientes de pessoas do sexo oposto ou do seu mesmo sexo. Para alguns, diz, Kinsey seria considerado um sábio que demonstrou a hipocrisia reinante na época. Para outros, ele seria um dos responsáveis pelo decaimento da moral e bons costumes reinantes na atualidade.

DESPATOLOGIZAÇÃO DA HOMOSSEXUALIDADE
Incluí estes comentários para começar a refletir sobre o fato de que, se bem a homossexualidade e outras variações do erotismo e das identidades sexuadas têm sido despatologizadas por decretos e resoluções nas entidades que regem e fiscalizam as práticas médicas e psicológicas atuais, isto não acabou com a polêmica e nem com as opiniões contraditórias e intensamente emocionais de leigos e estudiosos da área. Se a expressão "a despatologização da homossexualidade" se refere à saída da - ou das - homossexualidades das listas e categorias de transtornos mentais, doenças, desvios, neuroses, perturbações ou qualquer outro termo que aponte ao 'fora' da normalidade e da saúde mental, podemos dizer que ela nomeia um fato realizado. O processo começou em 1973, com a saída da categoria das nomenclaturas da Associação Americana de Psiquiatria, que aceitou as mudanças que os movimentos sociais exigiam, tirando a homossexualidade das suas classificações nosográficas. O mesmo fato foi sendo acatado por diversas organizações: nos anos 1980 a homossexualidade sai das categorias de doenças da Organização Mundial da Saúde e, no final dos 1990, aparece numa resolução contundente do Conselho Federal de Psicologia brasileiro, que proíbe a categoria de tratar a homossexualidade como uma patologia. Mas estamos longe ainda de ter conseguido que todas as pessoas, incluindo psicólogos, psiquiatras e psicanalistas, pensem desta maneira. 

O CASO DO BRASIL
Realmente não existem em nossa sociedade práticas sexuais livremente consentidas por seus participantes adultos, que sejam proibidas ou merecedoras de sanções legais. Só está proibido o casamento com parentes próximos e a imposição da sexualidade sobre quem não pode consentir ou dissentir por ser menor de idade. Mesmo assim, existem leis e projetos de lei proibindo a discriminação de pessoas em razão de sua orientação sexual, o que implica, no concreto, que a prática de relações eróticas e amorosas entre pessoas do mesmo sexo biológico continua a ser coibida de diversas formas. Há ainda um halo de negatividade ligado a estes comportamentos, em todos os âmbitos, tão forte e arraigado, que excede os argumentos racionais de qualquer ordem e se relaciona com o impensado, o recalcado, o puramente emocional. 

AUTONOMIA PSIQUIÁTRICA
Para combatê-los precisa-se de uma psicanálise atualizada, que não apoie de forma superegóica o conflito, reforçando as confusas proibições sociais e que reconheça que estes desejos e práticas poderiam ser tão saudáveis quanto às heterossexuais, desde o ponto de vista da estrutura psíquica. A psicanálise afirma que não há funcionamento humano possível sem recalque, na medida em que é necessário para a estruturação do psiquismo, mas isto não implica na imutabilidade das normas sociais que podem ser - e são - diferentes em diversos lugares e momentos da história. 

VARIANTE
Jacques Lacan foi o primeiro psicanalista que se atreveu a romper com esta conduta repressiva e moralizante aceitando a escolha homossexual (única ou principal) como uma variante da sexualidade humana. E se, em muitos momentos, referiu-se à homossexualidade como perversão, segundo o mesmo texto de E. Roudinesco, ele o teria feito, um pouco ironicamente, desde um lugar de aceitação das perversões, no sentido de alternativas à rígida concepção sexual moralizante burguesa e não como uma anormalidade a ser corrigida. Mas, de qualquer maneira, não propôs soluções para resolver este problema, que hoje vemos mais claramente como teórico-político. A insistência em explicações complicadas e sofisticadas de alguns lacanianos para não aceitá-lo, oculta algumas vezes um radical desconhecimento da incontornável opacidade do sexual. Nada pode ser considerado como a última palavra neste campo de pesquisa. 

FONTE: http://www.crpsp.org.br/portal/comunicacao/cadernos_tematicos/11/frames/fr_despatologizacao.aspx

IMPORTANTE REGISTRO

https://www.bbc.com/portuguese/internacional-39603792
Matéria da BBC

JUSTIFICATIVA

Para nós, da ANJO PRODUÇÕES ARTÍSTICAS, essa mesma lógica foi insidiosamente utilizada contra vários grupos da sociedade, apoiar seus preconceitos e discriminação em fundamentações pseudo cientificas e utiliza da propaganda como maneira de convencimento da sociedade sobre algo falso, para garantir a hegemonia dos grupo ditos de maioria, que as fundamentações científicas são pueris e ignóbeis, como foram as que deram base a eugenia e ao nazismo. Compreendemos que bastaria uma abordagem empírica para observar a incoerência destas fundamentações, acumulam a isso que bastaria simplesmente que fossem respeitados os direitos civis e conceitos primários do direto romano clássico, para inviabilizar qualquer outra abordagem que não fosse a do respeito.
Se isso tudo não fosse suficiente, conceitos básicos de direitos humanos, deveriam nortear a ação dos cidadãos comuns, valores simbólicos heteronormativos se impõe sobre a maioria dos membros da comunidade. É bem verdade, que no caso brasileiro, apesar de verdadeira chacina promovida contra os LGBTI, a lei caminha muitos anos à frente da aceitação social.

ABSURDO
Os números são dramáticos, e aviltam os defensores dos Direitos Humanos. Somente no primeiro trimestre, até o dia 10 de abril, foram assassinados 126 cidadãos e cidadãs. Vejam bem, assassinados! São Paulo encabeça a lista do preconceito, o Ceará, no nordeste, é o mais violento e nossa Cidade, o Rio de Janeiro, estão registrados 7 casos. Segundo dados levantados pelo Grupo Gay da Bahia (fonte: https://observatoriog.bol.uol.com.br/noticias/2018/04/brasil-registra-126-mortes-de-lgbts-no-primeiro-trimestre-de-2018-aponta-relatorio).

A ARTE
Para nós, produtores de conteúdos culturais, há muito não dá para ficar calado diante de tamanho absurdo. “Um Outro Homem” é um esforço a ser feito no sentido de efetuar mudança dos referenciais para a construção de conceitos éticos/estéticos abordados pelo tema, para o cidadão comum reunir a seu arsenal de simbólicos para demonstrar, através de historias reais que é possível, sim, viver sem preconceito, que independentemente de psicologismos, as pessoas simplesmente se amam e que isso deve ser respeitado por todos, que ser aceito e fazer parte da sociedade e que isso não é um problema isolado, não é um problema pessoal mas um problema de construção social que nos apresenta um menu de possibilidades muito podre e incompatível com a condição humana, nos desumanizando, não se conformando quando fazemos opções diferentes das suas expectativas.

A sociedade é preparada para atender, prioritariamente o homem branco, com a religião da maioria, jovem, olhos azuis, cabelo liso... o resto sobra!


ENREDO

O projeto do Filme "Um Outro Homem", trata de duas histórias de amor, que são relatadas no programa do Youtube "Põe na Roda" (lá, são relatadas três). 

CARRO ABRE ALAS


A ANJO PRODUÇÕES ARTÍSTICAS procurava roteiros que tratassem do tema amor quando, na pesquisa, encontrou no youtube o Programa "Põe na Roda", de temática LGBTI, que tratava de homens casados com mulheres que, após anos de casamento, encontram um novo amor em um outro homem. A partir daí muitas possibilidades foram testadas: inventar uma história com esse perfil, criar uma história que somasse a experiencia dos três entrevistados com um final totalmente inusitado (muito doido), escrever uma história a partir dos relatos (foi a ideia que vingou). Não tínhamos estofo financeiro para fazermos as três histórias, por isso optamos por somente duas. De qualquer maneira, não poderíamos fazer as histórias sem a autorização dos retratados. Para isso iniciou-se uma busca dos entrevistados. Para nós a ideia já estava clara, era isso que iriamos fazer, mas como?  Não os conhecíamos! Como eles reagiriam a uma abordagem como essa? Resolvemos, então, fazer as histórias de David Ramos e de Marcio Orlandi. Encontrá-los foi muito fácil (ficamos apavorados, como é fácil achar as pessoas pela internet) dali a umas semanas fizemos a abordagem direta, solicitando a atenção dos dois. Qual foi nossa surpresa quando, no mesmo dia, Marcio retornou e nos autorizou e, no dia seguinte, foi a vez de David que, também nos autorizou. Mais uma impressão pessoal, ficamos muito espantados positivamente com a receptividade e generosidade dos dois. Não foi nada do que a gente pensou...

Seguiu-se a maratona dos roteiros (semanas de imersão total no tema). Dividimos as histórias. Ângelo José Ignacio se encarregou em relatar a história de David e a concepção geral e Waldo Temporal, a história de Marcio (em dupla com Ângelo José Ignacio) e a concepção plástica e estética do tema (que ainda segue até hoje). O esqueleto do roteiro estará apresentado aqui no Blog, mas ainda existem possibilidades de visões e de discussões que somente poderão enriquecer.




COMISSÃO DE FRENTE

ÂNGELO JOSÉ IGNACIO
DIRETOR, ATOR E ROTEIRISTA
https://www.facebook.com/angelo.ignacio.372
angelojoseignacio.blogspot.com.br

Nasceu no dia 29 de novembro de 1958 (mais um sagitário para enlouquecer, planeta Mercúrio ascendente escorpião), em terras gaúchas de Canoas, saindo de lá aos 6 anos de idade e vindo parar na cidade do Rio de Janeiro desde tempos imemoriais.
Professa a fé católica e é ativista de meio ambiente.
Artista multimídia, como é próprio dos artistas de sua época, tem sua formação materializada a partir do teatro, que faz desde os 13 anos de idade. A partir daí lança suas pontes para as outras artes (dança moderna, pintura, escultura, canto, poesia, cinema, culinária).
Sua ação o leva a encontrar seus mestres entre muitos, Gilson Barbosa, Alejandro Bedotti, Rita Queiroz, Hamir Hadad, Maria Tereza Vieira, Roman Stulback entre outros...

Casado e separado algumas vezes, tem dois filhos e três netos.




WALDO TEMPORAL - ARTISTA PLÁSTICO, FOTÓGRAFO, ESCRITOR E ROTEIRISTA

WALDO SOUZA AGUIAR TEMPORAL JÚNIOR

Nasceu  no dia 23 de março de 1957 (Áries com ascendente em Áries), em Ribeirão Preto, São Paulo, por seu avô, Dr. Orestes Moura Pinto, a época, ter sido o médico oficial de algumas fazendas cafeeiras da região. Veio para o Rio de Janeiro com poucos meses de vida, e, durante toda sua vida, teve grande tendência para as artes.
Estudou piano e violão clássicos, sem completar os cursos, no entanto, a música o ajudou imensamente na construção de suas poesias, extremamente fluidas,  marcadas por ritmos e cadências.
Além de poeta, escreve crônicas, contos, romances, roteiros, pensamentos e críticas de arte.
Formou-se em Direito pela Universidade Federal Fluminense, em Niterói, em 1982, e em Pintura, pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1992.
Deu aulas de desenho artístico, modelo vivo e história da arte na Oficina de Arte Maria Tereza Vieira, nos anos 90.
Participou de várias exposições coletivas e individuais, de grupos de artistas plásticos e de escritores, tendo sido curador das exposições de tais artistas e escrito as críticas sobre os mesmos. Teve algumas poesias e crônicas publicadas em jornal e livros de coletâneas.
Trabalhou em empresas privadas até 1983, quando entrou para o quadro da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, onde permaneceu até 2007, quando se aposentou.
Atualmente trabalha em gravações de shows de cantores e performances, editando, fazendo a programação visual das capas dos CDs e dos DVDs.

É divorciado e não teve filhos.


https://www.facebook.com/waldo.temporal?ref=br_rs






LUCAS FERREIRA

Nasceu  no dia 23 de março de 1957 (Áries com ascendente em Áries), em Ribeirão Preto, São Paulo, por seu avô, Dr. Orestes Moura Pinto, a época, ter sido o médico oficial de algumas faz




DESTAQUES DO CARRO ALEGÓRICO

DAVID RAMOS

É pai de três jovens, nascido em São Paulo, Capital, e morador de Indaiatuba – São Paulo.
Do signo de Gêmeos do ar, mutável, masculino duplo, regido por mercúrio.
Funcionário público da Câmara de Vereadores de Indaiatuba e professor da FIEC Fundação Indaitubana de Educação e Cultura. Membro titular do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente de Indaituba
É caseiro, amigo, gentil e tem um coração bom, permitiu que sua história fosse contada nesse filme.
Hoje Casado com Clark

LINKS: 
https://www.facebook.com/davidoldtiger
http://davidoldtiger.blogspot.com/2011/04/divisor-de-aguas-olha-ponte.html


MARCIO ORLANDI

Do signo de peixes, das águas, feminino regido por Júpiter
Executivo da Startup VC+ e Militante da Causa LGBTI
Paulistano de nascença e morada
Característica especial tem voz rouca (daria um ótimo cantor de jazz).
Espirituoso, amigo e sorridente, gosta de festas e reuniões com amigos.
Exímio dançarino com compromisso firmado com Eros
Hoje está casado com “Bruno Carvalho”

LINKS: 
https://www.facebook.com/marcio.orlandi
https://www.instagram.com/morlandi70
https://projetodraft.com/percebi-que-nao-pretendia-viver-uma-vida-paralela-so-que-para-ser-eu-mesmo-precisava-me-redescobrir/


ROTEIRO

Abertura com créditos
Em uma sala vazia, aos poucos vão chegando os atores que conversam animadamente – por fim chega o diretor que explica o projeto de maneira sumária e repassa os textos a todos, explicando o que cada um vai fazer no texto – todos riem e se divertem. Os atores se vestem para fazer os personagens e fazem maquilagem
O diretor apresenta a poeta Priscilla que ira fazer um poema sobre o tema – os dois são casados.

APARECE NA TELA – UM OUTRO HOMEM – DOIS CONTOS DE AMOR - DIVISOR DE ÁGUAS E OPÇÃO PELA FELICIDADE

CENA 1 - Um grande painel com fotos da família feliz a câmera passeia pelas fotos.

CENA 2 – David digita em um computador no seu blog.
(OFF) Quem acompanha meu blog, sabe bastante de mim, mas deve se perguntar: - Poxa mas o David, tem filhos, foi casado com uma Mulher, agora ela esta com o Karl, como, onde, quando, por que?
Muitas pessoas já me cobraram minha história recente, como tudo começou com o Karl, enfim, como as coisas viraram e se transformaram ou nunca se transformaram e sim se rearranjaram. Vamos aos fatos: (muito do que estarei escrevendo, será novidade até para quem vive próximo a mim mas que, infelizmente, por não terem me perguntado o que aconteceu, criara, uma história nem um pouco legal para a realidade)

CENA 3 - Numa loja de games Karl convida David para morar com ele. Os dois jogando numa sala da bate papo.
KARL – Que cara é essa?
DAVID – As coisas não estão nada boas lá em casa...
KARL – Bobagem! Isso passa...
DAVID – Nada disso... vou ter que fazer algum tipo de acordo com Célia...
KARL – Como assim??...
DAVID – Vou arrumar um lugar pra ficar... A gente não tem mais nada a ver um com o outro.
KARL – Se você quiser, pode ir lá pra casa por um tempo.
DAVID – Claro que não! Eu sou assim simpático e gracioso, mas vai conviver comigo todo o dia...
KARL – Muito humilde também... (ri) Eu tinha uma cadela cheia de manias... Duvido que você seja pior que ela... (ri)
DAVID – Vacilão...quem sabe dá certo... Apesar da gracinha, vou considerar essa possibilidade...
KARL – Tirando o fato de você não saber perder...
DAVID – Não sei perder... não sei perder (resmunga)
KARL – Vai ficar repetindo tudo que eu falo agora, é?
DAVID – (falando emburrado)  Ficar repetindo... ficar repetindo ... (Kal começa a rir)
KARL – Tá me sacaneando?
DAVID – (cantando) Spiderman não entende nada de game! Spiderman não entendem nada de game!...
KARL – (rindo, bate nele) Garoto tu é muito bobalhão!!! ( e ri mais)
(começam uma briga de mentira)

CENA 4 PB – Célia arruma as coisas na mesa para o jantar. David passa e pega coisas e as coloca no prato. Vai para a frente do computador. Ela senta, resmungando.
CÉLIA - Parece que é maluco...

CENA – 5 David ao telefone fala enquanto arruma suas roupas em uma pequena mala
DAVID – Karl? Você tá em casa? Beleza daqui a 10 minutos to chegando aí... Não.  Não, já comi... pode ficar tranqüilo... deixa eu te falar, amanhã você vai sair que hora? Que eu to sem despertador agora e eu tenho que estar cedo no trabalho... tu tem um aí... desperta com musica... to precisando muito... tchau Célia... (Pros filhos) E vocês se liguem!!!... Na disciplina heim mulecada? Já sabe !!! (beija os filhos e sai) Domingo é lá em casa, já sabem.

CENA – 6 dirigindo o carro para a casa do Karl - Pet Shop Boys - Being Boring
(OFF) - Sai de casa e fui dividir um apartamento com meu melhor amigo, um amigo que pra mim, era mais que um amigo, mais que um irmão, um cara que não teria problemas em conviver. Quem seria esse meu amigo? O Karl, claro!

CENA 7 PB – Célia está saindo, grita para dentro de casa: “já ‘tô indo”. David corre pra falar com ela e prepara um beijo, mas ela não espera e sai. Ele fica no vácuo.

CENA 8 – (poeta escreve sentada no chão  OFF)
Vivia naquele planeta sujo a cinquenta mil anos.
Era uma família, era a minha família e eu era a diferente.
E o que eles mais queriam é que eu fosse igual! Mas não era!
Acabei me acostumando com isso.

CENA – 9 Chegando na casa do Karl
DAVID - Fala, Velho! E aê como está?
KARL – Toma aí ... Fiz cópia das chaves pra você, tu já conhece teu quarto. (Fala baixo) Tem uma cerveja na geladeira, tá gelada esperai...
DAVID – Vai onde? Só por que eu cheguei?
KARL – Não! Vou pegar uma pizza ali pra gente comer, não tem porra nenhuma pronta.
DAVID – Ótimo! Estou morrendo de fome. Faz o seguinte, (pegando dinheiro no bolso) traz mais uma cerveja...
KARL – Ok, mas eu tenho dinheiro, entra e vai arrumar tuas coisas.

CENA – 10 JOGANDO WAR
DAVID – (jogando os dados) Huummm que mão é essa heim?, vai é tu! (colocando muitos exércitos em territórios)
KARL – (Rola os dados) Opaaa que beleza obrigado!(pega uma carta) Junta essa com essa ... Isso!
DAVID – (rola os dados) Hummmm,(pega mais uma carta de território, pega mais uns exércitos) Uia!!!... aqui, aqui e aqui vai que é tu pastel!
KARL – (Rola os dados) Yeh!!! Ahrã... Ahrã... Ahrã... Isso aqui, essa fica aqui Pronto cheguei no meu objetivo! Aqui (mostrando a carta do objetivo. David está paralisado) Essa coloca aqui e esse aqui Finalmente coloca aqui quá quá!
DAVID – Não brinca não, bestão!
KARL – Qua Quá! (e ri muito)
DAVID – Para Karl! Tu não sabe o perigo que está correndo...
KARL – Quá Quá! (começa a organizar as peças em cima do jogo)
DAVID – Por isso que eu não gosto de jogar com criança! (sai, vai lá longe e volta com o dedo em riste) Tu é muito babaca! Sabia que tu é muito babaca?
KARL – Quá Quá senta ai e para de palhaçada!
DAVID – Eu não quero mais jogar, não dá pra jogar com criança, jogo é coisa de gente adulta, sabia? Tu fica ai de babaquice, ‘tô afim mais não!
KARL – ‘Tá bom, desculpa! Senta aí, por favor. A gente recém começou a jogar (David senta, olhando sério para Karl) vamos ver quem começa essa partida (passa os dados)... quá quá! (David joga a porra toda pra cima, e vai embora).
DAVID - Babaca! (Karl fica rindo).
KARL – (levanta e vai atrás de David) Calma, cara!... É brincadeira, David...

CENA 11 PB - Conhecendo Karl em uma feira de RPG e quadrinhos.
David entra no espaço e ali estão alguns amigos.
DAVID – (Ele está com uma camiseta dos X-Man) E ai, rapaziada! Tudo bem,?E ai, pequena como tá?
PEQUENA - Esse é o Karl, meu amigo! Estudou comigo ele...
KARL – Prazer, tudo bem? (Aperto da mão)
DAVID – Tudo (vai saindo, para ver as revistas na banca, olha para traz e Karl foi para o outro lado).
PEQUENA – Cara, que camiseta maneira essa tua... aqui eu gosto da Tempestade.(ele olha na direção de Karl e observa que ele estava olhando, vira para Pequena)
DAVID – Essa é a composição Clássica dos X-Man aqui tá o Wolverine , aqui é a Vampira , Fera , Ciclope, Noturno, Colossus, e a Kitty Pride.  E, no fundo, os mutantes sendo assassinados.  (Karl está do seu lado ) Esse eu acho que foi o melhor roteiro para quadrinhos que eu já li. Simbolicamente fala do preconceito.
DAVID - (virando para Karl) Você conhece essa HQ?
KARL – Não!
DAVID – É a historia de um reverendo maluco, tipo Silas Malafaia, que organiza milícias pra caçar mutantes... (saem andando e conversando os três) E depois eles conversam. Se entreolham.(que foi? Amigos se olham também!)

CENA 12 PB – Karl e David conversam, eles riem animadamente no café na rua – som de trânsito

CENA 13 - David está muito triste e se nega a jogar
KARL - Vamos? (mostra as cartas)
DAVID – Tô a fim não!
Liga um som alto, muito alto no fone de ouvido. Karl o observa de longe. Ele fecha o olhos e começa a recitar a todos os pulmões com Maria Bethânia:
Eu sei que atrás deste universo de aparências,
das diferenças todas,
a esperança é preservada.
Nas xícaras sujas de ontem
o café de cada manhã é servido.
Mas existe uma palavra que não suporto ouvir,
e dela não me conformo.
Eu acredito em tudo,
mas eu quero você agora. (chora)
Eu te amo pelas tuas faltas,
pelo teu corpo marcado,
pelas tuas cicatrizes,
Karl fica preocupado, e vai ao encontro do amigo, quando chega observa que ele esta chorando
KARL – Calma amigo, está tudo bem... Está tudo bem... Você está com um amigo... (coloca a mão no ombro de David)
DAVID – To com saudade dos meus filhos, Karl. (chorando) Está tudo fora do lugar... Tenho medo. Será que eles ainda vão me amar?
KARL – Claro que sim David! Você está em casa... Calma... (vai pegar água para ele beber)... Bebe um pouco d’água! Calma...(senta do lado e ficam quietos)
DAVID – Obrigado, Karl...
KARL – (sorri) Bobagem... Você é meu amigo...
(OFF) Minha sexualidade, há muito tempo retraída, primeiro, porque quando me descobri gostando de homens, nos anos 70, era uma coisa difícil, era "feio" gostar de pessoas do mesmo sexo, mas na minha cabeça, isso era uma fase, tudo passaria e carreguei isso comigo por muitos e muitos anos... 

CENA 14 PB – David joga no computador. Célia entra em cena com um copo de leite na mão – coloca na mesa do computador para David e senta ao fundo, de pijama, fazendo alguma coisa, nitidamente esperando ele ir pra cama. Ele nem percebe. Ela  ri condescendente, vai dormir sozinha. Ele continua jogando e conversa com Karl, em janelas na internet, sobre o desgaste da relação com a esposa. (faltou o texto da conversa com Karl – vou providenciar)

CENA 15 -  (Priscilla sentada num sofá no fundo os atores no fundo o ambiente do filme OFF)
Me cobravam um papel na dualidade, só pode ser uma coisa ou outra.
Um lugar no mundo macho.
Onde eles se impunham sobre o lado fêmea pela força e brutalidade.
Mas eu não cabia em sua dualidade burra.
Não era uma coisa nem outra.
Tentei sublimar, simular, mentir, disfarçar.
Não havia nada de errado.

Cana 16 PB   No outro dia de manhã
CÉLIA – Que tanto vocês jogam no computador?
DAVID – Ah! É o Karl! Muito maneiro ele.
CÉLIA – Maneiro até você começar a perder
DAVID – Não! O Karl é diferente! Ele é como um irmão mais novo!
CÉLIA – Sei... até a hora que você perder...
DAVID – Até parece que eu não sei perder...
CÉLIA – Então por que fica gritando igual um doido?
DAVID -  (olhar grave) Não fico gritando como um louco (faz um sanduíche de mortadela com a mão)
CÉLIA – (observa contrariada) Você vai limpar a mão na mortadela??
DAVID – (olha pra ela fazendo cara de brabo brincando, ela faz que vai bater nele e ele sai imitando um cachorro, vai para o computador, ela )

CENA 17 (À noite, David traz o lanche para o sofá da sala)
DAVID – Eu não "tô" a fim de sair hoje. Vou ficar em casa (Sentando no Sofá).
KARL – Poxa! Vamos, cara! Tem certeza que não quer ir? (entra na cena enrolado numa toalha com o cabelo molhado) Não sei se vai alguém que conheço.
DAVID – Olha lá o relógio... Vai se atrasar! (Karl percebe e sai rápido. David vira pra falar com ele e vê Karl baixando a toalha) Qual é o problema ôôô esquisito! Seja sociável! Hoje eu tirei pra descansar! (Vira o rosto rapidamente).
KARL – (volta para a porta do quarto – foco no rosto de David ao fundo embaçado) Mas eu tinha te avisado desde a semana passada e o senhor disse que ia (volta e David volta a olhar). Se eu soubesse que tu tinha tirado pra descansar, teria desmarcado.
DAVID – Não achei que era um convite, mas um comunicado.
KARL – Porra, David! Tá de sacanagem, né? De onde você tirou isso?(fazendo vozinha impostada) Comunico ao Sr David que estarei indo ao jantar de confraternização... Ah, vá...!!!
DAVID – É, de qualquer maneira não dá mais tempo! Tô todo desarrumado, e a essa hora não dá nem tempo...
KARL – Eu espero! Sem problema. É uma confraternização, não uma reunião de negócios. (Para ao lado, esperando)
DAVID – (pausa longa)Tá bom, mala! Tá bom, eu vou! É isso que você quer! (levantando pra se arrumar) Tá satisfeito agora? Eu vou, tá bom assim?
KARL – (faz som de torcida de futebol) Que bola a bola do artilheiro, David Ramos! (imitando locutor de futebol) E a torcida grita da geral!!!... Mas vai rápido, que a gente já tá atrasado!!!

CENA 18 - Primeiro jogo de cartas na casa de Karl
DAVID – Segura essa, "pato"! (estão jogando buraco. Karl descarta com força na mesa)
KARL – "Pato", tu vai ver quem é "pato" agora! (pegando uma carta. As mãos dos dois estão repletas de cartas) teu destino está selado! Na próxima rodada vou bater e você vai estar com esse monte de ponto pra pagar! (dando uma risada, descarta)
DAVID – Yes!!!! (catando) O "pato" afundou! O "pato" afundou! (enquanto canta, vai baixando os jogos que tem na mão lentamente – Karl está lívido em estado de choque – David levanta e inicia a dança do "pato") ahã... ahã... ahã... ahã... ahã... ahã... ahã...
KARL – (levantando) Pode parar com a palhaçada! (fala manso) Isso não tem graça nenhuma... Isso que dá jogar com ladrão!... Você roubou! Assim não vale!
DAVID – Roubei nada!.. Não tenho culpa se você é lerdo!
KARL – Lerdo é o caralho! Você é muito sem graça... Fica ai... Fica ai, palhaço!
DAVID – Tudo bem, já passou! Vamos pra outra... (Karl está muito brabo)
KARL – Quero jogar mais, não!
DAVID – Deixa de ser bobo, Karl! Vamos jogar, cara. É de 1000.
KARL – Você é... Você é ... muito chato, não sabe perder!... E quando ganha, fica se cartando...
DAVID – Larga mão, Karl! Senta ai e vamos acabar essa partida...
KARL – Tá bom (sentando) Mas dessa vez, quem dá as cartas sou eu!
DAVID – Mas é a tua vez mesmo - Conta ai teu prejuízo Karl! (ele conta, David anota num caderninho com muitas anotações de jogo)

CENA – 19 Sequencia de cenas  de amizade entre os dois. Uma ajuda o outro em tarefas pequenas, tipo passar a roupa, costurar meias, correr na rua, fazer comida, lavar os pratos.

CENA – 20 (David e Karl estão jogando e David não para de olhar para Karl. Fecha os olhos e imagina beijando Karl na boca)

CENA – 21 P/B No fim de semana, na mesa do café da manhã, Célia entra na sala .
CÉLIA – Caraca, David, não dá pra dar uma bola não?
DAVID – (levantando da mesa) No que?... (totalmente desligado)
CÉLIA – Voce deixou de novo a toalha em cima da cama David (mostrando a toalha molhada) Você é maluco ou o quê? (ela começa a bater com delicadeza com a toalha nele) Vou te montrar aonde você tem que botar a toalha Não te entendo! Custa alguma coisa ajudar?
DAVID – Eu sempre ajudo! Quem escuta, pensa que você trabalha sozinha e que eu não ajudo nada...
CÉLIA – Faz? Faz o que? Ajuda em que?... Você ajuda em que, cara? Só por que lava um banheiro, lava uma louça, acha que é o rei da cocada preta!
DAVID – Que bicho te mordeu??? Aconteceu alguma coisa e eu não tenho nada a ver! Não tenho culpa se está de TPM.
CÉLIA – Que TPM??? O cara a séculos coloca a porra da tolha molhada em cima da cama e eu tô de TPM!... Você reclama e a culpa é sua! É o crepúsculo do macho!
DAVID – Parei contigo. cara. Tu tá muito mal humorada!
CÉLIA - Mal humorada? (volta com a toalha na mão) o que que é David, o que é que tu quer, afinal de contas?!!!
DAVID – (Pausa longa, fala calmo e baixo) Quero separar de você!
CÉLIA – (para tudo) O quê?... (sua feição fica brava) Sim, e como você pretende fazer isso?
DAVID – Mas é verdade, Célia. Nós não temos mais nada a ver um com o outro!... (ela senta). Quanto tempo a gente ainda resiste sem virar inimigo?... (ela chora quieta) A gente fez da nossa vida um vazio total... Um deserto... Indo pra festinha de criança, bancando o casal feliz. Dando satisfação pra vizinhos! (Ele chora e senta ao lado dela).
CÉLIA – (Chorando) E você pretende fazer isso como. Você já sabe como?
DAVID – Vamos ver como pode ser.
(OFF) Resolvemos marcar uma data, esperar os finais das provas de vestibular do Tim. Não queríamos atrapalhar o desempenho dele. Foi feito exatamente isso, tudo conforme o combinado.
(A cena é vista de longe, com o som dos carros - David pega um calendário e fica conversando com Célia, como definindo uma data.)

CENA -22 David chega do trabalho na casa do Karl. Traz um lanche rápido na mão e o coloca na cozinha.
DAVID – Karl... (anda pela casa) Karl, tá aí? (Vai para a sala e senta par ver tv.
A partir daqui a cena é toda desenvolvida através da visão de David, com som de coração batendo. Está em frente à tv e o som da mesma some. Ele levanta e vai em direção à cozinha, para pegar água. Passa mal e desmaia)
(cena do relógio passando o tempo) quando acorda, anoiteceu. Ele levanta com dificuldade. Deve ser registrada a passagem de tempo, de 3 horas.

CENA 23 – (Pricilla escreve recostada enquanto o marido faz anotações no roteiro do filme, ela mostra pra ele o texto que approva com a cabeça e volta a fazer o que estava fazendo OFF)
Estava no meio do caminho entre um e a outra.
Meu coração morava ali no meio.
Aqueles vagabundos me demomizavam.
Por que me odiavam?
Desde sempre tinha sido assim...
Sem me conhecer.
Sem me perguntar nada.
Por motivo nenhum.

CENA - 24 David segue pela rua e entra em uma clínica.

CENA – 25 treveling - cozinha, sala e banheiro na casa onde moram David e Karl.  David entra no banheiro com uma toalha no ombro, as crianças brincam na sala, enquanto na cozinha Karl prepara a mesa para o almoço.

CENA – 26 David no banheiro passa mal e cai
DAVID – Socorro, "to" passando mal!...
Do lado de fora – Karl corre para o banheiro. Um dos filhos também o acompanha.
FILHO 1 – Pai!!!... Pai abre a porta!!! Sai da frente! (mete o pé na porta, David está em convulsão no chão do banheiro)
KARL – David! David! Caralho!!
FILHO 2 (chegando) Que foi com o pai??? (A porta é arrombada)
KARL – David!! Meu Deus!!! (David se bate, em convulsão, no chão)
FILHO 1 (Para filho 2) Liga pra ambulância! Vai... Vai agora! (filho 2 sai correndo).Pai!!
FILHA (chegando) Papai! Papai! Meu Deus!!!
KARL – (Respira fundo) Calma, amigo! To aqui... (segura a cabeça dele) Calma está tudo bem! Ele está bem! (ele continua em convulsão, até que para totalmente)
KARL – Ai parou! (suspira) Perai! Tá parado demais!
FILHO 1 - O que foi, Karl??? (sinaliza silêncio para o jovem, tenta sentir a respiração com a mão, não sentindo coloca o rosto junto ao de David)
KARL – Puta que pariu! (pula para o outro lado e inicia a aeração) David acorda, meu irmão! Vamos, David! Reage! Reage, caralho! (Os filhos percebem a manobra e choram. Karl inicia a respiração boca a boca, com massagem toráxica - David começa a tossir, mas depois fica com os olhos vidrados. Não entende o que está acontecendo. Todos choram. Karl encosta  a cabeça de David em seu peito, som da sirene.

CENA – 27 Na ambulância - David está acordado, mas muito assustado
(OFF) - No caminho do hospital, o Karl foi comigo na ambulância. Eu olhei para ele e comecei a chorar, pois eu pensei: - Poxa, o cara que eu amo está ao meu lado, eu to desperdiçando o meu tempo e agora eu posso morrer e perdi toda minha oportunidade de ser feliz, por uma merda de sociedade que nem me sustenta!

CENA – 28 (no hospital a enfermeira entra na sala e diz que o horário de visita já terminou)
KARL - Eu gostaria de ficar mais um pouco. Será que pode?
ENFERMEIRA - Vou fingir que não vi nada. Se alguém perguntar, diga que eu avisei.
KARL - (Voltando para a enfermaria, ele está muito abatido) Ela deixou eu ficar mais um pouco, (segura a mão de David). Como está se sentindo?
DAVID - Muito confuso ainda, não sei o que pensar...
KARL - Eu estou muito assustado...
DAVID - Posso te falar uma coisa?
KARL - Claro! O que você quiser...
DAVID - (Começa a chorar e Karl se aproxima. Aperta a sua mão) Eu estou com muito medo de morrer...
KARL - Você não vai morrer, querido! Fique calmo! (antes de falar, David coloca sua mão na boca de Karl para que ele pare de falar)
DAVID - Fiquei com medo de morrer e não ter tempo de dizer o quanto eu te amo!...
KARL - (olha em volta) Eu também te amo, cara!...
DAVID – Não foi isso que eu disse. (as lágrimas correm pelo seu rosto) Eu fiquei com medo de morrer e não ter tempo pra te dizer o quanto eu te amo. Você é meu... meu...
KARL - (abraça) Pensei que ia te perder hoje... (beija a testa)
DAVID - Eu te amo... Eu te amo... To muito perdido, não  sei se consigo mais viver sem você.
KARL - Eu te amo muito!... (Beija os olhos) Eu te amo... (beija a boca, esse deve ser o beijo mais bonito do cinema, se abraçam e ficam ali quietinhos - blak out)

EPÍLOGO
CENA – 29 (No táxi voltando, para casa - Karl explica para David como foi a convulsão. Ele ainda está muito mal.

CENA – 30 (David já está melhor, mas ainda inspira cuidados e Karl resolve tomar banho junto com ele, uma vez que ele ainda tem dificuldade nos movimentos)
KARL - (Negativo) Você ainda não está em condições de tomar banho sozinho. Você já me deu muito trabalho por uma vida inteira!
(Entra no box com David, ainda vestido de calção e camiseta. Evita se molhar. Deve transparecer a vontade de cuidar. Não é uma cena com apelo sexual), e começa a ensaboar. Sua roupa começa a molhar.
KARL – (rindo) Olha o que você está fazendo!  (David ri com olhar triste e cansado) agora lava “as coisa direitinho”... Isso... Assim Vamos passar um shampoo no cabelo (David faz dengo, não quer lavar a cabeça)... Pra ficar bonitão poxa David colabora aí vai! ... David resmunga... Calma vai ser rapidinho... pronto! Acabou!,  Enxágua o corpo de David e depois seca com a toalha.

CENA 31 – (Priscilla caminha pela rua anotando para e anda OFF)
Me cuspiam, me rejeitaram, me jogaram em celas, me condenaram e me aprisionaram.
Torturaram-me e depois me queimaram em grandes fogueiras.
Me apedrejaram e imolaram, me empalaram, e me mataram... me mataram... me mataram.
Mil vezes assim o fizeram. Por séculos e séculos, por minha natureza.

CENA 28 - Um mês depois, David entra em casa cheio de sacolas e um ramalhete e flores, vai pra cozinha e começa a desarrumar a sacola de compras, arroz abóbora tomate cebola duas abobrinhas damasco nozes entre outras coisas, Olha o Relógio liga para o Karl.
DAVID - Karl Oi querido! Então que horas você vai chegar? As 19:00... Não hoje eu tô pegado no trabalho tô dirigindo agora... É acho que virei agricultor, estou com uma horta de pepinos pra resolver aqui (ri) devo chegar bem tarde hoje... Não! Não compra nada na rua pra comer, acho que tem umas coisas que sobraram de ontem na geladeira (ri sozinho) come uma fruta quando eu chegar eu faço uma grosoba maluca e a gente come (fica rindo)  tá bom... ok.... beleza deixa comigo (desliga o telefone trabalha rápido rindo)
Sequencia de cenas onde ele prepara um risoto de abóbora com enroladinho de abobrinha com sobremesa da banana assada com sorvete, vinho gelado taças talheres pratos.
David tem uma preocupação especial com a hora ele começa o jantar uma 17:00 horas,
Toma um banho rápido se perfuma muito e coloca uma roupa muito elegante acende as velas (já está quase na hora) vê as pétalas de flores num rompante começa a colocar pétalas pelo caminho até a cama que ele cobre de flores acende umas velas, volta pra sala e na hora que ele coloca o cesto vazio em coma da cômoda Karl abe a porta, fica paralisado sem entender nada.
KARL - Não entendi, você saiu mais cedo?... está faltando luz? Tem luz na rua... Acho que...
DAVID - Vem comigo...David se aproxima beija-o pega sua mão e o leva pra mesa sentam pra jantar, Karl ri espantado e observa os detalhes de tudo
KARL – Você está lindo, fico tão feliz em ver você esteja bem.(faz um carinho no rosto de David que beija a sua mão.

CENA 32 - sequencia de cenas onde comem e bebem , com detalhes , olhares, carinhos, comida na boca e até a sobremesa.
David coloca uma música “Eu Só Sei Dançar Com Você” – Tulipa Ruiz se aproxima de Karl que tá com uma cara de perdido,  beija-o convida pra dançar.
Eles dançam e David canta a música no ouvido de Karl, rodam e dançam abraçados, enquanto dançam David o conduz para a porta do quarto que está iluminado a velas e enfeitado com pétalas de flores sobre a cama.
KARL – Parando de dançar fica olhando todos os detalhes, (está muito feliz e grato pela surpresa, não sabe como agradecer, enquanto David curte o olhar de seu amado. Karl volta a porta segura David pela mão e o leva até a cama onde sentam, Karl deita David com um beijo (deve parecer um pouco descoberta não como adolescentes mas como quem nunca fez amor com ele).
Várias cenas, pequenas tirando a camisa, abraçados um sobre o outro, roupas no chão, se beijando deitados, panorâmica do corpo de lado, mão com mão, pernas entrelaçadas. Karl está sentado encostado em travesseiros e David carinhosamente sobe sobre Karl e fica por cima, inicia em movimentos lentos e compassados (deve ser lento) num certo momento Karl eleva o corpo e abraça David que faz os movimentos ficarem mais delicados os dois (quase impossível – como é filme pode) atingem o orgasmo ao mesmo tempo e riem abraçados. Fazem juras de amor.

(OFF) Estamos aí até hoje. Todos ficaram sabendo aos poucos. Deveriam saber, para que não pensassem que tudo fora de caso pensado.

Há nove milhões de bicicletas em Pequim
Isso é um fato. É algo que não podemos negar,
Assim como o é um fato que irei te amar até eu morrer
Estamos a doze bilhões de anos-luz do fim. Isso é uma suposição
Ninguém jamais pode dizer que é verdade,
Mas eu sei que sempre estarei com você.
Eu sou aquecida pelo fogo do seu amor todos os dias, então não me chame de mentirosa, apenas acredite em tudo que eu digo
Há seis bilhões de pessoas no mundo, Mais ou menos, E isso me faz sentir bem pequena
Mas você é aquele que eu amo mais que todos
Nós estamos no topo, com o mundo a nossas vistas
E eu nunca vou me cansar, do amor que você me dá toda noite.
Há nove milhões de bicicletas em Pequim
Isso é um fato,
É algo que não podemos negar,
Assim como o fato que irei te amar até eu morrer
Há nove milhões de bicicletas em Pequim
E você sabe que irei te amar até morrer.

CENA 33 - Sequencia de 10 pequenas cenas onde David Ramos caminha pelas ruas de Indaiatuva, conversa com pessoas como se fosse um paparazzi. Entra num bar, dirige no trânsito e outros gestos simples na última cena dessa sequencia ele encontra Clark beija e dá tchau para a câmera com esse texto abaixo em OFF.
OFF - Olhando para esses últimos anos, onde mudei todo meu curso de vida, enxergo que as coisas se tornaram mais suaves, uma melhor inteiração com minha vida. Lembro muito do Filme “Entrevista com o Vampiro”, quando Lestat (Tom Cruise) transforma Louis (Brad Pitt) em vampiro. A primeira coisa que ele diz ao recém vampiro “você enxergará o mundo diferente do que enxergava. É exatamente o que me aconteceu, quando assumi minha homossexualidade, enxerguei novas formas, novas maneiras de viver.
Vivemos bem, muito bem diga-se de passagem. Temos todos os problemas que um casal tem, mas o que nos une não é só o amor, é o companheirismo, é o diálogo, é a conversa de amigos, é a conversa para jogar fora, é o abraço que reconforta, é a bronca que nos põe no trilho.
Até acredito na frase “felizes para sempre”, eu não acredito no “Felizes sempre e para sempre”. A vida sempre terá seus altos e baixos, aliás ter baixos, valorizam os altos.
Essa minha vida eu não troco por nada.

CENA 34 - os atores retornam a sala e iniciam uma outra conversa sobre a próxima história, vem com as roupas que usaram na primeira cena combinam tudo o diretor fala explicando como será tudo, distribui os textos. Aos poucos,
os atores vão saindo e vira a cena

APARECA NA TELA - UM OUTRO HOMEM

OPÇÃO PELA FELICIDADE

CENA 35 - (Barulho de chave da porta de uma casa classe média alta. Entra Marcio, de terno e gravata, muito elegante. É executivo de uma grande empresa. Tira o paletó, a gravata, senta-se no sofá e liga a tv. A única coisa que o ilumina é a luz do aparelho, mas não se ouve o som. No dia anterior Marcio separara de sua esposa.)

Na sequência seguinte Marcio terá uma série de flash backs, que apresentam o personagem. Sentado no sofá Márcio estendo o braço para o criado mudo e pega uma foto de namoro.

CENA 36 - Baile country que esteve com a namorada. Na imagem das lembranças os dois estão bem, como qualquer casal em início de namoro)

CENA 37 - (volta para a cena inicial - Marcio está sentado encostado no sofá, só. Está triste, choroso) mexendo na chave.

CENA 38 – (Priscilla escreve em um banco da praça OFF)
Enquanto isso, falaram de um tal amor.  E me apresentaram um escarrado. Com todo o ódio dos seus corações.
Apesar de sermos muitos, éramos centenas, muitos milhares, inclusive entre eles que vagavam escondidos.
Nunca me perguntaram.
Nunca quiseram me ouvir.

CENA 39 - Marcio entra na casa com Brisa no colo coloca ela no chão e numa reverencia entrega pra ela a chave da casa ela grita e dá pulinhos pegando a chave.

CENA 40 - Marcio, de olhos vidrados escarapachado no sofá chora

CENA 41 - Sem som, vê-se uma discussão não muito amigável entre Marcio e Brisa, sua esposa. Ele tenta a conciliação e ela está irredutível. Cena das mãos se separando e ela pegando a mala e saindo (muito picotada).

CENA 42 - Marcio vestido deitado no sofá, dorme. Black out

CENA 43 - (No apartamento, Marcio e Brisa conversam)
MARCIO - (sentado no sofá, ao lado de Brisa, sua esposa, que também está sentada. Pega sua mão) Brisa, querida, acho que estamos passando apenas por uma fase... Isto passa...
BRISA – Você não está vendo o óbvio? Não existe mais nada entre nós!
MARCIO – (negativo, balançando a cabeça) Eu não entendo por que!... Por que uma coisa que estava dando tão certo...
BRISA – (Interrompendo) Dando certo? Você está falando sério?
MARCIO – Mas nós fizemos tantas coisas boas juntos!... Foram tantos planos! Tantos sonhos!...
BRISA - Eu também não sei o que aconteceu!...
MARCIO - Cara, a gente nem se beija mais!... Olha pra mim!... Há quanto tempo a gente não transa?
BRISA - Esfriou, Orlando! Está congelado!... Não dá! Eu também queria viver um conto de fadas, mas contos de fadas não existem fora dos livros...
MARCIO - Porra e tudo que a gente viveu junto... não conta? Construímos tudo isso... olha pra mim... agora é tua vez. Olha pra mim e diz que não quer mais estar comigo!
BRISA - ... (ela ri olhando nos olhos dele e rola uma lágrima) A vida não é um filme meu amigo... não é filme.(ele se aproxima como quem vai beijar, ela refuta de mãos dadas com ele, se afasta falando) Vamos ser feliz querido... Vai por mim... É melhor assim.
MARCIO (chora) A gente não tem nem filhos... (fala Baixo) Que merda...
(Close nas mãos se afastando até não se tocarem mais (ai que fofo) ela balança a cabeça e sai, é um momento muito dramático, trata-se de perda emocional, tem gente que pira, não há exagero em fazer parecer muitíssimo triste, por que é. Orlando encosta na parede enquanto ela vai saindo pega a mala na porta)
MARCIO - Você vai pra onde?
BRISA – Vou ficar num flat por enquanto... (sai)

CENA 44 - (Marcio na mesa de trabalho, atarefado. Chega um colega e senta-se próximo, puxando uma cadeira. Conversam. Entra um rapaz gay afeminado que se dirige a Marcio)
RAPAZ - Marcio, a Olga pediu para entregar estes documentos.(o rapaz entrega o envelope e se sai da sala)
MARCIO -  Obrigado.
COLEGA DE TRABALHO - (para Marcio) Nossa, que bicha quá-quá! (ri). Vai acabar virando purpurina! (Colega de trabalho ri da situação, mas Marcio demora a ntrar na onda demonstra um certo constrangimento sutil).
MARCIO – Até pode ser o que quiser, só não pode me cantar, gente esquisita... (constrangido)

CENA 45 - Marcio (nessa cena deve transparecer a ausência da esposa, Marco sentado no sofá vendo tv vira pro lado e pega o lep top) sem fazer barulho, vai para o computador, entra em um site pornô gay e começa a procurar vídeos. Aos poucos, inicia uma masturbação que culmina com o gozo. Nesta cena tudo é apenas sugerido por gestos de braços e expressões de rosto.

CENA 46 -  Reunião de trabalho. Estão em uma mesa relativamente grande. Apenas Marcio veste terno. Estão sérios, discutem algo, mas não se ouve o que é dito. (Deve demonstrar o cansaço de Marcio)

CENA 47 - (Conversa entre Marcio e Brisa não muito amigável, ele tenta a conciliação e ela está irredutível)
MARCIO – (Entra no apartamento, de terno e gravata, e senta-se no sofá ao lado da esposa) Brisa, nós precisamos conversar! Eu não vou aguentar a separação! Será que você não leva em conta todos os momentos em que vivemos juntos, quando fomos tão felizes?
BRISA – (puxando a mão) Sem essa, Marcio! Você sabe muito bem que nosso relacionamento faliu! Não tenho mais paciência para suas lamentações! Conforme combinamos, minha mala já está pronta. Eu só estava esperando você chegar, para não sair como uma foragida...
MARCIO - Porra, Brisa! E tudo o que a gente viveu juntos... Não conta? Construímos tudo isso... (mostra o apartamento) Olha pra mim!... Agora é a sua vez! Olha pra mim e diz que não me quer mais!
BRISA - Nós seremos mais felizes separados, querido... Você verá. É melhor assim...
MARCIO - (chora) A gente ainda nem tem filhos! Você deveria considerar essa possibilidade
BRISA - (com uma certa ternura) Eu não sinto mais atração por você, querido! Não adianta! Não vamos forçar a barra!...
MARCIO – Nós poderíamos tentar mais uma vez!
BRISA – Mais uma vez? Quantas vezes já tentamos? Não adianta!  Não dá mais!
(Brisa balança a cabeça e levanta-se. Pega a bolsa que está em cima da mesa de centro. Abre-a e retira um molho de chaves, fecha a bolsa e dirige-se para a porta)
MARCIO – (levantando-se) Brisa, por favor!
(MARCIO encosta na parede enquanto ela vai saindo e pega a mala nas proximidades da porta e, sem olhar para trás, sai do apartamento).

CENA 48 – (Marcio Caminha pela rua pensando)
(OFF) O que quero agora? Será que tenho coragem de ficar com um homem? Será que vou gostar? Já tenho mais de 40 anos! Nesta hora, a vontade de experimentar veio com toda a força. Não haviam mais impedimentos morais e éticos da minha parte, já que o casamento tinha acabado. (um Homem passa e Marcio Olha)

CENA 49 - (Marcio em casa) No computador, procura filmes pornográficos gays nessa cena faz um guia de como conseguir garotos de programa – senta em casa e baixa um programa de encontros  a câmera deve mostrar todo o caminho percorrido ata conseguir alguém. (OFF) Mas, por onde começar? Ir a um bar? Chat? A verdade é que tendo passado uma vida toda apartado do mundo gay eu não fazia ideia de onde experimentar minha suposta homossexualidade. Mas o medo de que alguém descubra meu segredo é quase um impedimento. Ocorreu-me a ideia de procurar por garotos de programa na internet. E fiz isto por três vezes! Era muito excitante sair com homens desconhecidos, conhecer seus corpos, descobrir o que lhes dava prazer... Esfregar meu corpo naqueles músculos e pelos... Nossa, que coisa louca! Posteriormente, instalei um aplicativo com site de encontros sexuais. Comecei a conhecer homens... Fiz sexo com alguns deles.

CENA 50 - (interior de um consultório de analista)
MARCIO - Eu quero assumir minha homossexualidade para os outros. Não quero viver me escondendo!
ANALISTA - Mas você não precisa fazer isso. Sua vida sexual é apenas sua! Não diz respeito a ninguém mais!
MARCIO – Não sei... Sem isso me sinto incompleto... Sei lá, como se estivesse traindo meus amigos... Eu teria que ter duas vidas!
ANALISTA - Você está iniciando nesta vida. Talvez ainda não seja a hora de contar para ninguém. Esta é uma hora para você se conhecer melhor, se fortalecer...
MARCIO - Meu maior medo é no trabalho, que alguém descubra que sou gay e isso possa me prejudicar, de alguma forma!
ANALISTA - Por isso acho melhor você se fortalecer, antes de se expor.
MARCIO – Aonde trabalho costumo ouvir piadinhas sobre gays, comentários que fazem sobre os colegas. Mas, agora, eu mudei o lado! Quer saber, eu também fazia piadinhas, eu também contava piadas, fazia comentários babacas... Só queria me defender né?  Por isso que eu não quero ser uma pessoa vivendo nas sombras!... Estou muito confuso! Mas, assim que eu puder, quero me assumir no ambiente de trabalho, na família, para os amigos e para todo mundo e ser uma pessoa que ajude no respeito aos "que não se enquadram"...
(OFF) Mesmo eu trabalhando em  uma empresa de cosméticos, com um grande número de funcionários gays, na verdade, poucos ocupam cargos altos como o meu.

CENA 51  – Marcio em casa no celular convida alguém para ir em sua casa enquanto um outro dança em sua frente ele passa a mão no corpo da pessoa a sua frente.
MARCIO – Sim tudo bem? Pode vir pra cá... Não, pode vir!!! (beija o cara na boca).

CENA 52 -  (Marcio está no trabalho, com alguns colegas. Tomam um cafezinho)
COLEGA 1 - (Com malícia e cara de deboche, para Marcio) E aí, chefinho, o nosso chefão todo-poderoso está bem atrasado...
COLEGA 2 –(rindo) Deve estar dando para algum caminhoneiro!... (todos riem, menos Marcio, que fica sério).
OFF: Fiquei chocado com a raiva e com a homofobia daquelas pessoas. Eu devia ter respondido, ido a uma ouvidoria, feito alguma coisa. Mas não tive coragem. Me acovardei e não fiz nada, por medo de me expor. Me arrependo disso até hoje.

CENA 53 – (Priscila na filmagem OFF)
Qual motivo de tanto ódio?
Talvez por aceitar-me.
Seria negar-se, seria desmoronar  o castelo seguro de suas certezas.
Seria como lançar-se ao abismo em um rio pedregoso.

CENA 54 – Marcio dançando na ursound - na baladas soltando os cachorros

CENA – 55 (Marcio num café falando ao celular)
(OFF) - E assim foi. Continuei usando o aplicativo e acabei conhecendo o cara que viraria a ser o meu primeiro namorado o Marco
No tela do celular:
MARCIO – Tudo bem me chamo Marcio e você?
MARCOS – Sou Marcos
MARCIO – Me interessei pela tua foto no perfil, será que poderíamos conversar... Meu zap é 98733469
MARCOS  - pode ser espera aí
Telefone do Marcio toca
MARCIO - Oi tudo bem, tô na noite
MARCO – Beleza também tô
MARCIO – Você está aonde eu to aqui no café na Lapa
MARCO - Tô na Cinelândia!
MARCIO Tá pertinho vem pra cá Marcos chega eles se apresentam/ Marcio namora na casa de Marcos)

CENA 56 - Cena de fundo eles transam???? Um coloca iogurte no corpo do outro e se lambem todo.
(OFF) Assim conheci meu primeiro namorado, O primeiro acabou de maneira muito ruim pra nos dois

CENA 57 - Interior do apartamento de Marco Marcio entra...
MARCIO – Cara vim pra gente resolver nossa situação de  maneira definitiva (Marco se assusta) Não dá pra continuar o melhor é a gente terminar, por isso vamos dar um tempo. (marco fica muito nrvoso0 levanta do sofá)
MARCO – Calma meu amor!!! Não fala ssim tm tanta coisa pra gente conversar...
MARCIO – Não Marco não temos mais nada pra falar, a relação correu um rumo que perdemos o controle do limite
MARCO – Pelo amor de Deus meu querido... Pra tudo tem solução... Senta ai e se acalma 9está em estado de pânico) Você precisa perceber todo o carinho que eu tenho por ti??? Olha pra mim... Olha por favor (chora).
MARCIO – Para Marco! É definitivo! ‘Tô fazendo assim exatamente pra você não sofrer – Você vai encontrar alguém pra você que caiba nos teu planos... To indo Marco!... Valeu
MARCO (Grita e chora, corre pra cozinha) Não pelo amor de Deus... Não me abandona... Não sei o que fazer sem você... é muita maldade... (se aproxima de Márcio na porta, fala manso com o rosto lavado) calma meu amor... é só fazer uns ajustes na relação... Eu posso mudar, e ficar do jeito que você quer... (Marcio, paralisado olha para Marco, Pausa longa...) Tá bom se é assim que você quer!... Vai porra!... Vai embora seu escroto filho da puta!... eu não preciso de você pra porra nenhuma mesmo... Escarrado!!! (Marcio que ficou parado e assustado com a cena abre a porta e sai atordoado)
Cena – Márcio sai do prédio e quando chega carro na porta do prédio:
Marco – Não Marcio (gritando da Janela do prédio) Não me abandona meu amor... Eu não vou conseguir viver sem você... Não me deixa meu amor eu te amo!!! ele berrava e chorava na varanda me pedindo pra voltar... Marcio ignora e vai embora

 (OFF) - Infelizmente, terminou em nove meses e não foi um fim amigável. depois isso ele começou a me perseguir na rua, ficar na porta do meu apartamento vendo quem entrava e saia... me deixando presentes na portaria, me mandando mensagem sem parar... foram semanas assim.....

CENA 58 - Bebendo cerveja com o namorado em casa

(OFF)nessa época ficava com meus namorados nos fim de semana, como até ali não havia experimentado relações afetivas mais maduras, as outras relações terminaram sem ter muito a ver.ao mesmo tempo continuava perseguindo minha intenção de ser uma pessoa só pra todo mundo, não haviam dois Márcio, Não suportava a ideia mentir, havia me afastado de meus amigos, algumas amizades muito ricas pra mim. Queria assumir para todo mundo e voltara minha vida de outrora muito por isso resolvi  falar com minha melhor amiga

Cena 59 – Marcio em casa passa toalha de banho para Téo.
(OFF) Com Téo também foi um desastre.Terminei com ele por que contaram pra ele de meus voos solos pela noite. Já com

CENA – 60 (Marcio está no carro com Carla, na rua)
MARCIO (muito incisivo e sério) Tenho que te contar uma coisa importante. Quero dividir uma coisa que, pra mim, é muito importante! Quero poder contar com você: eu sou gay... tenho um namorado... Estou feliz e que quero saber o que você pensa? Mas você não pode contar pra ninguém!
CARLA – (espantada, pausa longa) Você... Gay?... Nunca me passou pela cabeça... ( Olha direto para ele) eu nunca desconfiei... mas enfim ... Nada muda. Você é meu amigo do mesmo jeito (balança a cabeça como que chacoalhando o cérebro) Dá só um tempinho pro cérebro processar isso!!! ... Mas depois quero conversar contigo sobre isso, assim que você poder...
MARCIO - Obrigado, amiga!

CENA 61 – (Priscilla ambiente de filmagem OFF)
(Risos) Para eles era um premio sorte.
Ser concebido pela alteridade com virilidade, com a dominância do poder do macho.
E eu disse não!
Não entendo a dualidade. Meu coração mora ali. Isso não é fundamental.
 Existem muitos tons do ser.
Meu coração não mora aqui, mas ali.

CENA 62 – (Priscila comendo um sanduiche sentada num canto da filmagem enquanto escreve OFF)
Mesmo que use a força, você já foi derrotado.
Por que muitos vieram antes de mim e muitos viram depois.
Isso deveria ser a prova suficiente da ineficiência de seus métodos.
Se houver alguém que criou tudo.
Se conforma, você foi criado na mesma forma que eu.

CENA 63 – Marcio entra na casa de Téo meio intempestivo termina seu caso com ele e se despede e vai embora....
(OFF) Depois foi o Clovis que eu gostava dele mas ele não tinha fôlego pra me acompanhar, gosto muito de sair a noite e... enfim...

CENA 64 - (Marcio em sua mesa de trabalho. Age como autômato, nervoso)
(OFF) Resolvi contar para o meu melhor amigo de infância. Desse eu tinha muito medo. Ele é muito meu amigo, sou até padrinho do filho dele e a minha ex é a madrinha da criança. Ela convivia com eles regularmente e eles seriam os primeiros a ter que guardar meu segredo.

CENA 65 - (Marcio aguarda Cristiano num restaurante)
CRISTIANO – Olá Meu irmão querido, que saudade, você sumiu, quando vai ver a afilhada???
MARCIO – (muito nervoso – soando frio)OI Cristiano... Tudo bem... senta ai... Preciso falar uma coisa contigo...
CRISTIANO – Assim você me preocupa... O que aconteceu?... Algo grave?...
MARCIO – Não!... Quero dizer... Não sei... Depende de você.
CRISTIANO (confuso) Pode falar, Marcio! Você está me deixando perturbado!
MARCIO -  Desculpa, na verdade é um problema meu.
CRISTIANO – Hum (é todo atenção).
MARCIO – (Muito confuso) Você me conhece, não é? Você gosta de mim né? (Cristiano, aflito, não fala só sinaliza com a cabeça) Eu sou gay! Estou namorando com um cara e estou muito feliss com isso! Pronto falei...
CRISTIANO – Ai! Graças a Deus!... (abraça o amigo) Que susto! Pensei que... Pensei que... Ara deixa pra lá!
MARCIO - Pois é, amigo... Por isso tenho passado por cada aperto! Tinha tanto medo de contar para você e para a Laura!
CRISTIANO - Pô, cara! Como você é bobo! Nós sempre fomos amigos!... Você acha que uma coisa dessas iria nos afastar? Hoje é tão comum!... Duvido que Laura vá se preocupar com isso. Temos vários amigos gays... Aliás, você já deveria ter-nos contado! Teria sido um problema a menos para você!
MARCIO - Fico feliz com isso! Nossa, que alívio!...
CRISTIANO – (levatando) Venha cá meu irmão querido, ( os dois se abraçam).

CENA 66 - (Réveillon, Marcio está com seu novo namorado, Clovis, em uma balada gay. Os dois dançam, felizes. Se beijam apaixonadamente, se acariciam).
MÁRCIO – Olá, pessoal!!! Esse é meu namorado: Clovis.
Amiga 1 – Nossa que lindo! – Parabéns, Marcio
Enquanto é observado por uma pessoa que o filma imediatamente remete pelo Zap

CENA 66 - Brisa em casa pega o telefone ouve o som da mensagem e abre o vídeo e vê Marcio na balada Gay, fica perplexa e furiosa.

CENA 67- (No outro dia Marcio está em casa, sentado no sofá, quando o telefone toca)
MARCIO - Alô!
VOZ DE BRISA - Marcio, preciso falar com você!
MARCIO - O que houve?
VOZ DE BRISA - Tem que ser pessoalmente. Dá para vir aqui em casa?
MARCIO - Mas do que se trata? Você quer falar sobre o divórcio?
VOZ DE BRISA - Aqui você vai ficar sabendo...

CENA 68 - (Casa de Brisa. Marcio toca a campainha. Ela atende. Ele entra. Ela indica o sofá, para que ele sente)
BRISA - Desde quando você é gay? Quem é Clovis? Você me traía com outros homens enquanto estávamos casados? Todos seus amigos sempre souberam e riam da minha cara?
MARCIO (coloca a mão no peito, assustado) Do que você está falando?
BRISA - Disto! (mostra um vídeo no celular, onde se vê Marcio e Marcos o na festa do Réveillon)
MARCIO - Que absurdo! Onde conseguiu isso?
BRISA - (ignorando a pergunta) Você me traía com homens?
MARCIO - (nervoso) Claro que não, Brisa! Eu a amava, não lembra? Eu nem queria a separação!... Até implorei!...
BRISA - (Brisa está de braços cruzados, irritada, com raiva e mágoa) Desde quando você é gay?
MARCIO - Calma! Cada coisa em seu tempo... Quando a gente se separou, eu me senti vazio, oco, um sem-nada! Senti-me solitário, deprimido, arrasado! Passei meses em um buraco que parecia sem saída! Até que conheci uma pessoa... depois de meses e depois de perceber que eu não queria mais voltar com você, e tudo estava acabado eu resolvi dar uma chance pra algo que sempre quis fazer, um desejo que sempre tinha tido, mas que tinha me negado, por que era apaixonado por ela, por que tinha medo e porque era cem por cento fiel. No final conheci alguém que me interessava e comecei a namorar, mas aquele no vídeo era meu terceiro namorado desde que tínhamos nos separado.
BRISA (interrompendo) - Um homem!...
MARCIO - Sim, um homem, que me deu atenção e carinho! Era tudo o que eu precisava! As pessoas precisam de carinho, sabia?... Sentir-se abandonado é horrível! Você não passou por isso! Você é quem foi embora! Lembra?
BRISA - Sim, lembro.
MARCIO - Pois, então!... Ele me surgiu do nada, foi preenchendo o meu vazio, conquistando minha afeição... E eu acabei ficando com ele... Mas... como você conseguiu este vídeo?
BRISA - Foi o meu primo, o Ronaldo, que também é gay, e estava na mesma festa que você. Viu vocês se amassando, filmou e enviou para o WhatsApp de toda a família! Eu fiquei uma fera! Todos devem estar rindo de mim! Fiquei paranoica! Comecei a investigar suas redes sociais, para ver se descobria algo mais... Vi as fotos do aniversário do seu... Clóvis... Não é esse o nome?
MARCIO - Sim.
BRISA - Fiquei puta da vida quando vi nossos amigos lá, na festa, com seu namoradinho... Eles devem ter rido muito da minha cara!
MARCIO - Que nada! São pessoas legais, compreensivas...
BRISA - Você sempre foi gay?
MARCIO - Eu sentia-me atraído por alguns homens...
BRISA - E por que não me falou nada?
MARCIO - Porque eu a amava! Sempre me senti atraído por homens, mas que também me sinto atraído por mulheres e especialmente por você. Quando ficamos juntos, como um cara fiel eu abria mão de todas as mulheres no mundo.. mas também de todos os homens.. porque, estando com você, eu nunca teria ficado com homem nenhum na vida.. mas uma vez que me vi sozinho... Estava livre para experimentar... Mas quando você me deixou, foi igual a um vulcão...
BRISA – Você me traía?
MARCIO - Jamais a traí durante o período em que estivemos juntos, e olha que foram quinze anos!... Você precisa acreditar em mim!... Eu a amava! Você sabe disso!...
BRISA - É verdade, não posso negar... Eu é que deixei de sentir desejo por você...
MARCIO - Então, acalme-se! Nós já estamos separados há um bom tempo... As coisas mudam... As feridas cicatrizam... A gente sobrevive e vai seguindo em frente...
BRISA - Não vou mentir para você. Estou muito magoada!
MARCIO - Eu compreendo, mas nossa realidade, hoje, é outra! Estamos separados! Nem tivemos filhos!... Não há nenhum laço entre nós!... Claro que lembro nossos bons tempos com ternura e saudade, mas ficou no passado. A página virou. Não foi um conto de fadas, como você disse, mas foi uma história...

CENA 69 - (Prisicilla numa mesa em frete va um computador OFF)
Nasci livre e bela!
A natureza grita em seus ouvidos suas leis, e como donos da natureza e se arvorama  brincar de deuses!!!
De que adianta gritar a ouvidos mocos, querem impor suas regras?

CENA 70 - (Marcio na piscina com sua irmã e seu cunhado na casa de Luciano, e está rolando um churrasco íntimo)
MARCIO – Mana, vem aqui que eu quero te falar uma coisa! Então...
MANA – Fala!
MARCIO – Sou gay... E estou namorando um cara...
MANA – Oi... O que Marcio?... Tá de sacanagem, Marcio?
MARCIO – Não! É sério! (Mana olha sério, como quem quer ler o pensamento)
CUNHADO (que estava passando e volta para participar) Ele tá trolando Mana! Ele tá de brincadeira... (rindo, Mana sinaliza para o marido, ela conhece o irmão e sabe que ele não está brincando)
MANA – Ele tá falando sério.
MARCIO (para o cunhado) Não tô, não! É sério... eu sou gay e tenho um namorado. O nome dele é Clóvis e hoje estamos morando juntos...
MANA – Peraí tem uma parte desse filme que eu perdi. Você está dizendo que você foi casado com Brisa que é uma mulher... ela é uma mulher né??? (confusa) Sim claro que é!! (Marcio olha para a Mana) Ok... espera um pouco pra eu assimilar isso...
(os donos da casa preparam a mesa do almoço)
MARCIO – Não é algo que eu tenha qualquer maneira de dominar... É assim...
MANA – Desculpa maninho... 5 segundos para a nova situação... Mas está tudo bem contigo? Papai e Mamãe... Já falou com eles??? Meu Deus, vai ser uma implosão! (abraçando o marido que consente com a cabeça)
CUNHADO – Cuidado como você vai falar com eles...Você vai falar?
MARCIO – Vou! Prefiro que eles saibam por mim... O desastre seria muito maior se eles descobrirem por outros... (Silêncio).
MANA – Vocês sabiam disso
Luciano e Laura dizem que sim
LUCIANO - Ele falou na semana passada... Nada de mais... Tudo bem... (Laura da de ombros)
LAURA – Meus amigos não têm defeitos, o inimigos se não tiverem, eu coloco.

CENA 71 - (Marcio entra na casa dos pais)
(OFF) Nunca senti tanto medo em minha vida! (Lá encontram-se o pai, a mãe e uma tia, que gostava muito do sobrinho)
MARCIO - (chamando todos para a sala) Pai, mãe, titi querida, por favor, sentem-se no sofá (Os três obedecem) Quero começar dizendo o quanto vocês são importate pra mim, amo vocês de uma maneira incondicional e tenho certeza que vocês me amam da mesma forma mas tenho uma coisa muito importante para contar para vocês... Espero que estejam preparados, pois é uma bomba... Fiquem calmos, porque, na verdade, não se trata de nada horrível ou algo de ruim que eu tenha feito. O negócio é o seguinte: eu sou gay!... (Os três se entreolham ficam mudos) Sim, sou gay... homossexual... Descobri que era quando me separei da Brisa. Hoje eu tenho um namorado, que está morando comigo... Para falar a verdade, estou muito nervoso e com medo! Tenho receio que vocês me rejeitem!... Mas não posso esconder o que sou de verdade! Espero que compreendam e me aceitem como eu sou!... A Brisa já sabe de tudo, não precisam se preocupar, e meus amigos também já sabem e me apoiam.eu os amo muito e tenho certeza absoluta do amor de vocês por mim e não poderia deixar de falar isso com vocês.
(Alguns segundos de silêncio. Depois, o pai de Marcio olhou para ele e falou)
PAI DE MARCIO - Eu já desconfiava, meu filho..., porque sua vida mudou muito rápido. Mas você é meu filho, e eu irei amá-lo assim mesmo. (O pai de Marcio sai da sala, silencioso)
TIA DE MARCIO - Meu querido, eu o amo demais para julgá-lo! Para mim o que importa é a sua felicidade! Se você está feliz, eu também estou!... (com lágrimas nos olhos, a tia dá-lhe um beijo e um abraço)
MÃE DE MARCIO (De cabeça baixa o tempo todo. Não olha para o filho em momento algum) Eu não aceito, meu filho! Que Deus me perdoe, mas eu não aceito! Não quero conhecer seu namorado ou seja lá o que ele for... (pausa longa) Preferia que você não tivesse contado nada! (Assim dizendo, retira-se da sala).
TIA DE MARCIO - Tenha paciência com eles, meu querido! Foi tudo muito inesperado, mas tudo irá ficar bem. Tenha fé! (beija) Vamos ajeita essa cara, mostra aquele sorriso lindo que eu conheço... Senta com o sobrinho e fica de braço dado com ele.
(OFF) Os próximos meses foram terríveis. Minha mãe passou uns três meses sem conseguir olhar no meu olho. E meu pai também ficou estranho por muito tempo. Mas, aos poucos, as coisas foram melhorando, embora até hoje eles não tenham conhecido meu namorado e raramente toquem no assunto. Parece tempestade o suficiente? Mas não era.

CENA 72 - Marcio está pronto pra balada  está em casa numa Clóvis está dormindo e não quer sair

CENA – 73 Os dois na cama  Marcio quer fazer sexo enquanto Clovis está ferrado no sono – márcio levanta a sai de casa para a balada.

CENA 74 – Marcio e Clóvis conversam não são boas noticias, Márcio fica contrariado.
(OFF) Para completar a confusão, meu namorado ia viajar por 30 dias pela Europa, com os colegas de teatro e eu ficaria sozinho em São Paulo. Eu gostava muito dele, mas sabia que não ia conseguir ficar quietinho em casa esse tempo todo.

CENA 75 - Na Ursound, por volta das duas horas da manhã. Marcio está dançando com um amigo na pista e nota em um rapaz encostado em um espelho, tomando uma cerveja e o observando. Marcio se aproxima
MARCIO - Oi? Pausas longas
RAPHAEL - Oi... Como é seu nome?
MARCIO - Meu nome é Marcio Orlandi Junior... E o seu?
RAPHAEL - E eu sou Raphael, com ‘PH’, Moreno.
(Os dois dançam, animados. Às vezes se beijam)
MARCIO (Olhando para o relógio) Nossa, são sete horas da manhã!... E eu nem senti!...
RAPHAEL - Quando a coisa está boa, o tempo passa rápido demais... O que faremos?
MARCIO - Vamos para minha casa? Você é muito gato estou encantado com você! Você trabalha em que?
RAPHAEL - Eu sou comissário de bordo. Terei que viajar amanhã... ... (saem da boite e andam pelas ruas)

CENA 76 - os dois entram na casa de Marcio aos beijos. É uma cena tórrida, deve marcar a diferença da relação com Marcos

CENA 77 –  (Priscilla sentada no chão da locação escrevendo a mão OFF)
Depois de tudo isso, eu estou aqui.  ( respira).
E isto é um fato, ninguém pode negar.
A minha vida diz respeito somente a mim.
Você não pode me impor a sua maneira de pensar.


CENA 78 - Marcio se despede de Raphael, no aeroporto. Raphael que está vestido com sua farda de trabalho de comissário sai para o trabalho com mala e cuia se despede de Marcio.

CENA 79 – Dias depois Márcio em casa conversa com Raphael ao Telefone marcando um outro encontro na balada,
MARCIO – Oi querido tudo bem com você? E então já está no Rio? Poxa ainda não chegou? Vai chegar em duas horas... (fica muito feliz) Cara tem uma festa espetacular no xxxxxxxxxxxxxxx vamos lá? Tu sabe onde é? Eu vou esta chegando meia noite... hum hum... ok valeu beijos... (desliga o telefone está visivelmente feliz (sem pulinhos)

CENA 80 – Marcio e Rafhael dançam e se beijam numa festa Bear e entram em casa de novo e dorme junto eve ser especial

CENA 81 - Rafhael e Marcio entrando em casa e se pegando na sala

CENA 82 - Márcio e raphael se despedindo em casa

CENA 83 - Uma semana depois (Na Buraco da Lacraia. Marcio está nervoso e tecla no telefone)
MARCIO – oi cadê você anda desaparecido? (fica feliz quando percebe que ele está respondendo)
RAPHAEL – Tô aqui em São Paulo
MARCIO – Eu tô aqui no buraco da lacrais, você está aonde?
RAPHAEL – Tô em Madureira, meio longe.
MARCIO – Caraca!!! Vem Pra cá eu te espero... Tá de carro?
RAPHAEL – Não mas eu pego um, agora mesmo!  (a festa acaba para Márcio o som vai abaixando e ele fica escrevendo no celular, as próximas cenas revesam entre Márcio e Raphael no taxi)
RAPHAEL – Cheguei onde você está?
MARCIO – Tô aqui dentro!!! Cadê você?
Márcio levanta a cabeça e começa a procurar uma sena encombre a outra três vezes em fading. Em corte cenas da portaria e pessoas entrando até a última quando Raphael aparece.
MARCIO (abanando com a mão fala timidamente) Raphael... Raphael... (grita) Raphael (Os dois riem – aproximam e se beijam
. Seu coração pulsa rápido, parece um adolescente de tão excitado, anda de um lado para o outro. Os dois se abraçam como namorados)
(OFF) Estava claro que aquilo não era uma aventura. E significava que eu precisava tomar uma nova decisão difícil.
CENA – Praca XV MARCIO – Querido, tenho que te falar um negócio... Eu tenho um namorado...
RAPHAEL – Tá de sacanagem né?
MARCIO – Não! É verdade...Mas estou apaixonado por você!... (Raphael muito contrariado)
RAPHAEL – cara... deixa eu te falar uma coisa... Não quero fazer cena de filme babaca... Mas cara sacanagem tua podia ter me avisado desde o começo.
MARCIO – Foi mal! Não foi de propósito, não pensei que fosse me apaixonar... Se você me quiser e confiar em mim, eu termino meu namoro assim que ele chegar. (Estende a mão mas Raphael não deixa ele tocar)
RAPHAEL – O pior é que eu também estou apaixonado por você, Marcio! (levanta) porra me sinto em cena de filme besta, mas não vou ficar com você enquanto você não terminar esse namoro... não ia gostar que fizessem isso comigo... Porra sacanagem... (sai)

CENA 84 - (Sábado seguinte. Marcio recebe Clovis, que acabou de chegar de viagem)
MARCIO - Clovis, preciso lhe contar algo... É meio punk mas vamos lá, tá me machucando muito!... Você é um cara muito especial e sei que você me ama, mas não tem liga sabe... Tá foda... Não dá pra continuar desse jeito... é melhor a gente dar um tempo...
CLOVIS - Terminar, por que? Conheceu alguém?
MARCIO - Não, não se trata disso! Eu ando meio confuso... Preciso de um tempo. (Enquanto os dois conversam)
CLOVIS – Olha pra mim Marcio! Eu não mereço ser tratado dessa maneira... Tudo bem tudo bem... Tudo bem se é assim que você quer...
MARCIO – Não precisa ser agora...
CLOVIS – ri e sai

CENA 85 – (Priscilla come um sanduíche enquanto escreve OFF)
Mesmo que use a força, você já foi derrotado.
Por que muitos vieram antes de mim e muitos viram depois.
Isso deveria ser a prova suficiente da ineficiência de seus métodos.
Se houver alguém que criou tudo.
Se conforma, você foi criado na mesma forma que eu.

CENA 86 -  Esse texto deve ser recitado como um bardo, em praça pública como um saltimbanco – Largo da Carioca ou Lapa
(1SM 18:1-4) “E sucedeu que, acabando ele de falar com Saul, a alma de Jônatas se ligou com a alma de Davi; e Jônatas o amou, como à sua própria alma. E Saul naquele dia o tomou, e não lhe permitiu que voltasse para a casa de seu pai. E Jônatas e Davi fizeram aliança; porque Jônatas o amava como à sua própria alma. E Jônatas se despojou da capa que trazia sobre si, e a deu a Davi, como também as suas vestes, até a sua espada, e o seu arco, e o seu cinto.”
(1SM 20:3) “Então Davi tornou a jurar, e disse: Teu pai sabe muito bem que achei graça em teus olhos; por isso disse: Não saiba isto Jônatas, para que não se magoe. Mas, na verdade, como vive o Senhor, e como vive a tua alma, há apenas um passo entre mim e a morte. E disse Jônatas a Davi: O que disser a tua alma, eu te farei.”
(1SM 20:41) “E, indo-se o moço, levantou-se Davi do lado do sul, e lançou-se sobre o seu rosto em terra, e inclinou-se três vezes; e beijaram-se um ao outro, e choraram juntos, mas Davi chorou muito mais.”
(2SM 1:25-26) “Como caíram os poderosos, no meio da peleja! Jônatas nos teus altos foi morto. Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; quão amabilíssimo me eras! Mais maravilhoso me era o teu amor do que o amor das mulheres.”

EPÍLOGO

CENA  87 – (Marcio coloca as roupas dele e de Raphael misturadas no guarda roupa, Raphael entra no quarto ve o que ele está fazendo e eles se beijam.

CENA 88 - Festa na casa de Marcio
MARCIO – (A câmera caminha atrás do Marcio com seu namorado, que anda pela casa apresentando Raphael. Vai cumprimentando os amigos, na sala uma festa com bolo e bebidas decorada com balões até chegar na porta e abrir os seus pais estão esperando sorriem e abraçam Marcio ele apresenta Raphael os dois sorriem e entram conversando)

CENA 89– (Priscilla olha a paisagem na sacada do prédio OFF)
Por ter sido tão discriminado, aprendi a discriminar meus pares.
Aprendi a não me amar e a discriminar a mim mesmo.
penso como quem me oprime
Você não nasce uma coisa nem outra.
A natureza diz, você transita por uma linha que une uma coisa a outra.

CENA 90 - Sequência de cenas com Marcio Orlandi caminhando pelas ruas e fazendo coisas banais 4 ou 5 cenas
OFF Passaram-se alguns anos. Meu namoro está sendo maravilhoso, tivemos altos e baixos, .. ficamos até separados por uns 2 meses, mas no final conversamos e voltamos e estamos super bem... desejo muito que a gente continue juntos. No trabalho está tudo bem. Sou assumido, na verdade em todos os locais que frequento. Lido muito bem com isso e nunca fui hostilizado.
E, agora, estou querendo devolver para a comunidade LGBTI o que aprendi com a minha experiência, formando um coletivo LGBTI que apoia pessoas que se sentem inseguras ou ameaçadas por serem LGBTI+. A vida não é fácil. Mas pode ser mais simples quando nos sentimos amados e seguros.

CENA 91 -  Atores retornam a sala se trocam e conversam animadamente e vão saindo aos poucos o diretor toma um calmante e todos vão indo embora. Diretor senta no sofá e descansa.



FIM

Músicas para Marcio Orlandi
1 - Vanessa da Mata - Boa Sorte
https://www.youtube.com/watch?v=3OMKs5p0f8E
2 - Nos momentos mais solenes de descoberta eu usaria essa
Macklemore (feat Mary Lambet) - Same Love
https://www.youtube.com/watch?v=hlVBg7_08n0
3 - Na balada em que eu conheço o Well
Fith Harmony - Worth It
https://www.youtube.com/watch?v=YBHQbu5rbdQ
4 - Nos momentos em que eu estou com outros homens antes do wel, essa aqui marcou muito
Alexis Jordan  - Happiness ops
https://www.youtube.com/watch?v=Df1z0XyJtGc
5 - pra momentos mais romanticos entre eu e o well tem 2 que nos 2 amamos
Tulipa Ruiz e Marcelo Jeneci - Dia a Dia, Lado a Lado
https://www.youtube.com/watch?v=InOxrMW04-Y
6 - Rihanna - Love on the Brain
https://www.youtube.com/watch?v=0RyInjfgNc4&t=0s&list=PL7r4ZCEj95nxyDU3DO7xIhzqXvqoIC3Lu&index=119


Músicas para David Ramos
1 -Katie Melua - Nine Million Bicycles
2 – Chico Cezar – Só pensar em você
https://www.youtube.com/watch?v=kjSHTaqrMuk
3 - Pet Shop Boys - Being Boring
https://www.youtube.com/watch?v=DnvFOaBoieE
4 – Florence + The Machine - Dog Days Are Over (2010 Version)

https://www.youtube.com/watch?v=iWOyfLBYtuU&feature=youtu.be



ELENCO

Ronian de Campos é David Ramos e Marcio Orlandi


VICTOR TEMPONE é Karl e Marco


LOUISY KUVACA é Célia e o Bardo

CHARLLESTON D' ESQUIVEL é Raphael

Adicionar legenda
Ana Luiza Faria é Carla


CADU SOUZA é Fil e Clovis



CELENIR BARRETO é Mana


FLAVIO é Bruno




FOTOS DA FILMAGENS